terça-feira, 27 de fevereiro de 2018

Epístola aos Hebreus. Resumo Sistemático para Estudantes de Teologia e de Escola Bíblica


Epístola aos Hebreus
Sinopse, Sistemática e Discussão.


A] A Pessoa de Cristo


A.1.]  Profetas e Anjos
A.1.1]  Hb 1 -- Superioridade de Cristo aos anjos
A.1.2]  Hb 2 – Exortação a  conversão

A.2] Moisés e os Judeus


A.2.1] Hb 3 – Superioridade de Cristo a Moisés
A.2.2] Hb 4:1-13 – Advertência quanto a rejeitar a Cristo

B] O Sacerdócio de Cristo


B.1] Hb 4:14 a 5:14 – Cristo como o Sacerdote superior
B.2] Hb 6 -- Advertência contra a negligencia
B.3] Hb 7 – Cristo como Sacerdote superior

 

C] O Sacrifício de Cristo


C.1]  Hb 8:1 a 10:18  -- A nova e melhor Aliança

D] Os Seguidores de Cristo


D.1] Hb 10:19-39  -- A necessidade de perseverança
D.2] Hb 11:1 a 12:2 – Grandes atos de fé
D.3] Hb 12:3-29  -- A necessidade de reverencia e piedade
D.4] Hb 13 – Regras de vida e o trabalho do amor

O termo chave desta epístola é a palavra grega kreiton traduzida por melhor, superior, mais excelente.
“A nota tônica da carta é melhor. Hebreus dá uma serie de contrastes entre as boas coisas do judaísmo e as coisas melhores de Cristo. Cristo é melhor do que os anjos; do que Moisés, Josué ou Aarão; e o Novo Concerto é melhor que o Concerto Mosaico. O escritor contempla toda a esfera de profissão cristã; por isso temos os avisos necessários para advertir o mero professo” (Scofield – apud McNair 1986).

A Relação dos Oito Kreiton (Ryken et al 2013)


1] Uma melhor esperança: 7:19
2] Uma melhor Aliança: 7:22, 8:6
3] As melhores promessas: 8:6
4] Os melhores sacrifícios: 9:23
5] A melhor possessão: 10:34
6] O melhor lugar: 11:16
7] Uma vida melhor: 11:35
8] Uma mensagem melhor: 12:24

Como observado em outras epístolas, Hebreus é um livro ocasionado por uma crise específica e aborda questões e problemas igualmente específicos. Foi escrita aos judeus que falavam o hebraico-aramaico (hebreus), estabelecidos na palestina e não aos judeus de fala grega denominados helenistas (Alexander 1986). Sugere-se a possível data de redação ter ocorrido antes da destruição do Templo no ano 70. O texto fartamente se refere ao oficio sacerdotal que ainda se praticava no Templo [10:11], comparando-o ao sacerdócio excelente de Cristo.

A revolta judaica ocorreu em 66, durante o reinado de Nero que morreu em 68 e foi sucedido por Vespasiano. O general Tito Flavius, filho de Vespasiano, invadiu a Palestina em 68, destruiu o Templo em 70 e encerrou a guerra judaica em 73. De acordo com Vouga (2009) é possível que a epístola tenha sido escrita (terminus a quo) antes do cerco de Jerusalém, mas durante a invasão, visto que em 8:13 o autor estaria fazendo uma possível alusão antecipatória  do desastre.
No período havia severa perseguição das autoridades do Templo aos judeus convertidos, forçando-os a rejeitar Cristo através de ato público e a voltar à fé judaica. Provavelmente, foi um momento de crise desta nova convicção doutrinária.  Em havendo contestação e perseguição ideológica, a resultante é insegurança, medo e o abandono das novas ideias recentemente assimiladas, talvez por isso a admoestação:

Por esta razão, importa que nos apeguemos, com mais firmeza, às verdades ouvidas, para que delas jamais nos desviemos. [2:1]

Isto posto, explicaria a razão da  advertência da impossibilidade de uma segunda salvação depois do ato de apostasia:

É impossível, pois, que aqueles que uma vez foram iluminados, e provaram o dom celestial, e se tornaram participantes do Espírito Santo, e provaram a boa palavra de Deus e os poderes do mundo vindouro, e caíram, sim, é impossível outra vez renová-los para arrependimento, visto que, de novo, estão crucificando para si mesmos o Filho de Deus e expondo-o à ignomínia. [6:4-7].

A explicaçao de David Stern sobre estes versos parece atender bastante a necessidade do entendimento do mundo judaico em transformaçao na época. Judeus que experimentaram a salvaçao de uma forma profunda e cairam na fé por não confiar na morte sacrificial e no oficio sumo-sacerdotal do proprio Jesus, mas voltaram a praticar o sacrificio de animais e confiar no sistema dos kohanim [cohatitas],  que a Lei Mosaica estabelece para administra-los. Por conseguinte,  seria impossivel renova-los para que deem as costas ao pecado, porquanto para si mesmos continuam a executar o Filho de Deus no madeiro. Por isso estão desonrando-o publicamente por não glorificarem sua morte, como sendo morte expiatória, vendo-a como não possuindo nenhum significado especial, exceto como simples ato de execuçao de um criminoso (Stern 2008). Esta apostasia do capitulo 6 tem sido usada como uma das bases da controvérsia calvinista-arminiana sobre a segurança eterna do cristão. A generalização da aplicaçao da apostasia é que não parece bem fundamentada, haja visto o clima de conflito religioso no mundo judaico da época, para quem a admoestação fora especificamente endereçada.

 

Doutrinas Inclusas


• Cristologia
• Salvação
• Fé
• Aliança
• Revelação das Escrituras
• Escatologia
• Perseverança

 

Alegorias

   
O autor aparentemente usou conceitos filosóficos helenísticos, conceitos do platonismo ou neoplatonismo, expondo contrastes entre o terreno e o transcendente celestial, o temporal e o eterno, as cópias terrenas imperfeitas das realidades e o modelo perfeito no céu.
Trouxe a figura enigmática de Melquisedeque à contemporaneidade da época, atualizando o modelo sacerdotal como um figurativo messiânico de Jesus Sumo Sacerdote celestial. Usou o Templo terrestre como metáfora daquele celestial e como simbologia cósmica dentro da escatologia.

Pontos Polêmicos


Autoria


 A definição de autoria permanece em aberto e em discussão. Sugere-se Paulo pelo estilo da benção final e tradição manuscrita. Apolo foi sugerido devido as suas qualidades de erudição. Sugeriu-se Timóteo pela sua proximidade com Paulo e pela atividade missionária. Ou mesmo um autor anônimo versado em cultura grega e judaica.

Época e Destinatários


Como já fora citado acima, não há segurança quanto a data da escritura, mas a temática do texto sugere fortemente uma época anterior e próxima da destruição do Templo de Jerusalém.  Os destinatários, possivelmente os judeu-cristãos da Palestina que falavam o hebraico-aramaico, mas discute-se também se não estaria direcionado a uma segunda geração de pagãos-cristãos de fraco conhecimento doutrinário (Vouga 2009).

REFERENCIAS

Alexander, J.H. 1986. Ler e Compreender a Bíblia. Ação Bíblica do Brasil. São Paulo.
McNair, S.E. 1986. A Bíblia Explicada. 8 Edição. Editora CPAD, Rio de Janeiro.
Ryken, L. Ryken, P. & Wilhoit, J. 2013. Manual Bíblico Ryken. 1Edição. Editora Central Gospel. Rio de Janeiro.
Stern, D.H. 2008 Comentário Judaico do Novo Testamento, pp 737-738, Editora Atos.
Vouga, F. 2009. A Epístola aos Hebreus. Em: Novo Testamento – História, Escritura e Teologia, pp 419-434, Editado por D. Masquerat, Edições Loyola. São Paulo.
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