Epístola aos Hebreus
Sinopse, Sistemática e Discussão.
A] A Pessoa de Cristo
A.1.]
Profetas e Anjos
A.1.1] Hb 1 -- Superioridade de Cristo aos anjos
A.1.2]
Hb 2 – Exortação a conversão
A.2] Moisés e os Judeus
A.2.1] Hb 3 – Superioridade de Cristo a Moisés
A.2.2] Hb 4:1-13 – Advertência quanto a
rejeitar a Cristo
B] O Sacerdócio de
Cristo
B.1] Hb 4:14 a 5:14 – Cristo como o Sacerdote
superior
B.2] Hb 6 -- Advertência contra a negligencia
B.3] Hb 7 – Cristo como Sacerdote superior
C] O Sacrifício de
Cristo
C.1] Hb
8:1 a 10:18 -- A nova e melhor Aliança
D] Os Seguidores de
Cristo
D.1] Hb 10:19-39 -- A necessidade de perseverança
D.2] Hb 11:1 a 12:2 – Grandes atos de fé
D.3] Hb 12:3-29
-- A necessidade de reverencia e piedade
D.4] Hb 13 – Regras de vida e o trabalho do
amor
O termo
chave desta epístola é a palavra grega kreiton
traduzida por melhor, superior, mais
excelente.
“A nota tônica
da carta é melhor.
Hebreus dá uma serie de contrastes entre as boas coisas do judaísmo e as coisas
melhores de Cristo. Cristo é melhor do que os anjos; do que Moisés, Josué ou
Aarão; e o Novo Concerto é melhor que
o Concerto Mosaico. O escritor
contempla toda a esfera de profissão cristã; por isso temos os avisos
necessários para advertir o mero professo” (Scofield – apud McNair 1986).
A Relação dos Oito Kreiton (Ryken et al
2013)
1] Uma melhor esperança: 7:19
2] Uma melhor Aliança: 7:22, 8:6
3] As melhores promessas: 8:6
4] Os melhores sacrifícios: 9:23
5] A melhor possessão: 10:34
6] O melhor lugar: 11:16
7] Uma vida melhor: 11:35
8] Uma mensagem melhor: 12:24
Como
observado em outras epístolas, Hebreus é um livro ocasionado por uma crise
específica e aborda questões e problemas igualmente específicos. Foi escrita
aos judeus que falavam o hebraico-aramaico (hebreus), estabelecidos na
palestina e não aos judeus de fala grega denominados helenistas (Alexander
1986). Sugere-se a possível data de redação ter ocorrido antes da destruição do
Templo no ano 70. O texto fartamente se refere ao oficio sacerdotal que ainda
se praticava no Templo [10:11], comparando-o ao sacerdócio excelente de Cristo.
A
revolta judaica ocorreu em 66, durante o reinado de Nero que morreu em 68 e foi
sucedido por Vespasiano. O general Tito Flavius, filho de Vespasiano, invadiu a
Palestina em 68, destruiu o Templo em 70 e encerrou a guerra judaica em 73.
De acordo com Vouga (2009) é possível que a epístola tenha sido escrita (terminus a quo) antes do cerco de Jerusalém,
mas durante a invasão, visto que em 8:13 o autor estaria fazendo uma possível alusão
antecipatória do desastre.
No
período havia severa perseguição das autoridades do Templo aos judeus
convertidos, forçando-os a rejeitar Cristo através de ato público e a voltar à
fé judaica. Provavelmente, foi um momento de crise desta nova convicção
doutrinária. Em havendo contestação e perseguição
ideológica, a resultante é insegurança, medo e o abandono das novas ideias recentemente
assimiladas, talvez por isso a admoestação:
Por esta razão, importa que nos apeguemos, com mais firmeza, às
verdades ouvidas, para que delas jamais nos desviemos. [2:1]
Isto
posto, explicaria a razão da advertência
da impossibilidade de uma segunda salvação depois do ato de apostasia:
É impossível, pois, que
aqueles que uma vez foram iluminados, e provaram o dom celestial, e se tornaram
participantes do Espírito Santo, e provaram a boa palavra de Deus e os poderes
do mundo vindouro, e caíram, sim, é impossível outra vez renová-los para
arrependimento, visto que, de novo, estão crucificando para si mesmos o Filho
de Deus e expondo-o à ignomínia. [6:4-7].
A explicaçao de David Stern sobre
estes versos parece atender bastante a necessidade do entendimento do mundo
judaico em transformaçao na época. Judeus que experimentaram a salvaçao de uma
forma profunda e cairam na fé por não confiar na morte sacrificial e no oficio
sumo-sacerdotal do proprio Jesus, mas voltaram a praticar o sacrificio de
animais e confiar no sistema dos kohanim
[cohatitas], que a Lei Mosaica
estabelece para administra-los. Por conseguinte, seria impossivel renova-los para que deem as
costas ao pecado, porquanto para si mesmos continuam a executar o Filho de Deus
no madeiro. Por isso estão desonrando-o publicamente por não glorificarem sua
morte, como sendo morte expiatória, vendo-a como não possuindo nenhum significado
especial, exceto como simples ato de execuçao de um criminoso (Stern 2008).
Esta apostasia do capitulo 6 tem sido usada como uma das bases da controvérsia
calvinista-arminiana sobre a segurança eterna do cristão. A generalização da
aplicaçao da apostasia é que não parece bem fundamentada, haja visto o clima de
conflito religioso no mundo judaico da época, para quem a admoestação fora especificamente
endereçada.
Doutrinas Inclusas
•
Cristologia
•
Salvação
•
Fé
•
Aliança
•
Revelação das Escrituras
•
Escatologia
•
Perseverança
Alegorias
O autor
aparentemente usou conceitos filosóficos helenísticos, conceitos do platonismo
ou neoplatonismo, expondo contrastes entre o terreno e o transcendente
celestial, o temporal e o eterno, as cópias terrenas imperfeitas das realidades
e o modelo perfeito no céu.
Trouxe a
figura enigmática de Melquisedeque à contemporaneidade da época, atualizando o
modelo sacerdotal
como um figurativo messiânico de Jesus Sumo Sacerdote celestial. Usou o Templo
terrestre como metáfora daquele celestial e como simbologia cósmica dentro da
escatologia.
Pontos Polêmicos
Autoria
A
definição de autoria permanece em aberto e em discussão. Sugere-se Paulo pelo
estilo da benção final e tradição manuscrita. Apolo foi sugerido devido as suas
qualidades de erudição. Sugeriu-se Timóteo pela sua proximidade com Paulo e
pela atividade missionária. Ou mesmo um autor anônimo versado em cultura grega
e judaica.
Época e Destinatários
Como já
fora citado acima, não há segurança quanto a data da escritura, mas a temática
do texto sugere fortemente uma época anterior e próxima da destruição do Templo
de Jerusalém. Os destinatários,
possivelmente os judeu-cristãos da Palestina que falavam o hebraico-aramaico,
mas discute-se também se não estaria direcionado a uma segunda geração de
pagãos-cristãos de fraco conhecimento doutrinário (Vouga 2009).
REFERENCIAS
Alexander, J.H. 1986. Ler
e Compreender a Bíblia. Ação Bíblica do Brasil. São Paulo.
McNair, S.E. 1986. A
Bíblia Explicada. 8ₐ Edição. Editora CPAD, Rio de Janeiro.
Ryken, L. Ryken, P. & Wilhoit, J. 2013. Manual
Bíblico Ryken. 1ₐ Edição. Editora Central Gospel. Rio de
Janeiro.
Stern,
D.H. 2008 Comentário Judaico
do Novo Testamento, pp 737-738, Editora Atos.
Vouga,
F. 2009. A Epístola aos Hebreus. Em: Novo Testamento – História, Escritura e
Teologia, pp 419-434, Editado por D. Masquerat, Edições Loyola. São Paulo.
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